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Juliano Borin, curador botânico do Inhotim (Foto: Daniela Paolielo)
Postado em 24/09/2019 - 9:52
Inhotim tem novo curador botânico
Engenheiro agrônomo Juliano Borin fala sobre suas novas atribuições e o papel do instituto na recuperação de Brumadinho, após tragédia ambiental
Luana Fortes

Juliano Borin estava trabalhando há quatro anos no complexo inglês The Eden Project – onde existe a maior estufa do mundo – quando foi convidado a integrar a equipe do Inhotim, em 2011. “Para quem já estava há sete anos na Inglaterra sem ver o sol direito, esse convite foi iluminador”, conta à seLecT. Hoje, oito anos depois, Borin passou de responsável técnico a curador botânico do Inhotim. “Continuo a exercer minhas atribuições técnicas de engenheiro agrônomo, e agora tenho a responsabilidade sobre as coleções botânicas, seu incremento, pesquisas científicas, divulgação, trocas e relacionamento com outros jardins e colecionadores”. O Inhotim tem um acervo de cerca de 5 mil espécies, representando mais de 28% das famílias botânicas conhecidas. 

Engenheiro agrônomo formado pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Juliano Borin começou a se interessar por botânica pela influência de suas duas avós. A paterna tinha uma horta, com plantas ornamentais. “Ela brincava com os netos dizendo que era bruxa e fazia poções de cura e simpatias com as ervas do quintal”, conta Borin. Já a avó materna era humanista, que aos 65 criou uma ONG para apoiar idosos, e costumava levar os netos para colher e identificar pedras, folhas, troncos e sementes.

Seu interesse inicial era pela produção de alimentos de qualidade, em especial a agroecologia, mas logo passou a dividir sua atenção com o paisagismo e a jardinagem. Além de sua atuação como engenheiro agrônomo no Inhotim, Borin é fundador da comunidade agroecológica CSA Minas e regularmente presta assistência técnica agroecológica voluntária em outros projetos, como o de assentamento rural na região de Brumadinho. 

O rompimento da barragem de rejeitos de minério de ferro da mina Córrego do Feijão no município mineiro em janeiro de 2019 não chegou a atingir fisicamente as dependências do Inhotim, mas o museu fechou na época do desastre em solidariedade. “O Inhotim tem vocação como agente de recuperação ambiental local, com conhecimentos que colaboram com a restauração de áreas impactadas pela mineração e com a conservação de espécies botânicas”, considera Borin. “Nosso papel vai além do apoio na parte ambiental e de pesquisa científica. O mais delicado e difícil é a dimensão humana da tragédia. O Inhotim está presente na comunidade de seu entorno de várias maneiras, com ações especialmente direcionadas para a população local”. Entre os programas do local direcionados aos moradores do município, Borin destaca o Nosso Inhotim, que oferece acesso gratuito ao museu, o Palco Brumadinho, em que artistas locais se apresentam no museu, e a Escola de Música para a comunidade.