O Instituto Itaú Cultural divulgou nesta segunda-feira (28/5/18) a lista de contemplados na 18a. edição do programa de fomento à cultura Rumos (2017-2018). O edital, um dos mais importantes do país, já tem 20 anos de existência e nesta edição recebeu 12.616 inscrições. Foram contemplados 109 projetos de todos os estados da federação. Na edição anterior, 117 projetos haviam sido selecionados.
Entre os temas dos projetos desta edição do Rumos estão negritude, questões de gênero e indígenas. Os projetos foram examinados por 40 avaliadores na primeira fase seletiva. Na segunda fase, passaram por avaliação dos 21 profissionais da Comissão de Seleção, multidisciplinar, que incluiu gestores da instituição.
Do total de contemplados pelo Rumos 2017-2018, 46 são da região Sudeste, 36 do Nordeste, 13 do Norte, 10 do Sul e 4 do Centro-Oeste. 61,7% dos selecionados são projetos de criação e desenvolvimento, 16,1% são de documentação e 22,2% são de pesquisa e desenvolvimento. Por área, 16 projetos selecionados são de audiovisual/cinema, 15 são de patrimônio e memória, 13 são de teatro, 12 são de música, 11 são de artes visuais e outros 11 são de formação. Dança (8), Literatura (6), Circo (4), HQ (4), Perfomance (3), Arte e tecnologia (3), Gestão Cultural (2) e Gastronomia (1) foram outras categorias contempladas.
O artista mineiro Paulo Nazareth teve seu projeto Teé | Descendentes aprovado. Seu projeto visa “a síntese científica, artística e política de um trabalho investigativo”, realizado desde 2012 em parceria com a pesquisadora Luciana de Oliveira e os intelectuais e lideranças políticas kaiowá Valdomiro Flores, Tereza Marília Flores, Juliana Fernandes, Genito Gomes, Valmir Gonçalves Cabreira e Daniel Lemes Vasques. O objetivo é publicar dois livros, além de realizar uma performance.
A Associação Redes de Desenvolvimento da Maré, do Rio de Janeiro, teve aprovado o projeto Maré a Céu Aberto. Em vez de apresentar o complexo de favelas como “espaço degradado e perigoso”, pretende mostral o potencial da Maré “para a renovação do espaço urbano a partir da inventividade, da resiliência e da arte”. Para isso, o Núcleo de Memórias e Identidades da Maré e a Azulejaria definirão cinco locais relevantes em 16 comunidades do bairro. Em cada um deles, serão construídos marcos a partir de intervenções artísticas.
Memórias Afro-Atlânticas: as gravações de Lorenzo Turner na Bahia (1940-1941) é o projeto coordenado pelo músico e etnomusicólogo Cassio Nobre, também aprovado. O projeto visa dar continuidade à divulgação de acervos sonoros inéditos de pesquisas sobre a musicalidade e a diversidade no candomblé da Bahia. Essas gravações foram realizadas pelo linguista negro norte-americano Lorenzo Dow Turner. Algumas das pessoas registradas foram Martiniano Eliseu do Bonfim, Manoel Falefá, Joãozinho da Gomeia e Mãe Menininha do Gantois. O projeto tem pesquisa e curadoria de Xavier Vatin, etnomusicólogo e professor de antropologia da Universidade Federal do Recôncavo Baiano, e produção-executiva da Couraça Criações Culturais.
Outro projeto aprovado é do Vídeo nas Aldeias e se chama Yãkwá, imagem e memória. Foi inscrito por Olinda (PE), mas a região impactada é o Mato Grosso. Trata-se da digitalização, devolução e difusão do acervo videográfico sobre a cerimônia Yãkwá, realizado em colaboração com os indígenas, mostrando a riqueza de sua cosmologia e a luta pela integridade de seu território e identidade.
Também foi contemplado pelo Rumos o projeto Área Criativa – Pinhões, de Bruno Vilela, que já havia vencido na categoria Formador o 1o. Prêmio seLecT Arte e Educação, no ano passado, com o projeto Espaço Cultural Área Criativa, instalado em Pedra Azul (MG). A proposta de Bruno Vilela é criar uma pesquisa sobre processos construtivos de baixo custo e construir um espaço cultural autogerido pelo grupo de jovens da comunidade quilombola de Pinhões, em Santa Luzia (MG). Os participantes, junto com a equipe do projeto, vão desenvolver a arquitetura, a programação, as regras de funcionamento e as formas de gestão do espaço.
O fotógrafo paraense Luiz Braga teve aprovado o seu projeto Periferia ribeirinha de Belém – uma paisagem de resistência. Braga há 30 anos aborda a vida cotidiana do caboclo e seu ambiente imediato. A proposta é retornar a esse território para realizar uma nova série de imagens.
Conheça todos os contemplados de 2017-2018