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Postado em 06/04/2013 - 4:43
Já estamos dançando
Mariel Zasso

Festival Baixo Centro negocia, tensiona e ocupa o espaço público

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Legenda: A noite da sexta-feira (5) inaugurou a segunda edição do festival, com shows no Palco Cinema, Marechal e Largo do Arouche

Até 14 de abril, as ruas da região central de São Paulo serão ocupadas por intervenções culturais que reúnem “música, cores, performances, oficinas” em centenas de atividades. O objetivo? “Mostrar que a cidade pode ser muito menos opressora do que ela é hoje.”

Apesar do otimismo, a organização não adota posturas inocentes e sabe que a ocupação do espaço público se faz também pelo enfrentamento com a cidade e as dissonâncias dos discursos que circulam. 

Um dos projetos dessa edição, o ensaio O Outro Lado da Meia Noite de Mayara Messina, série de fotos de travestis que posaram para a artista em fotos tipo “calendário de borracharia”, não durou nem 15 minutos no local em que foi afixado. Temerosos de que fossem reconhecidos pela polícia em atividades ilícitas, a partir das imagens, removeram os lambe-lambes logo depois de terminada a colagem.

Malu Andrade, da “cuidadoria” do Festival, comenta: “Baixo Centro é isso. A todo momento estamos negociando e tensionando!”

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Legenda: O Outro Lado da Meia Noite, de Mayara Messina, no Festival Baixo Centro

Em 25 dias de campanha de financiamento coletivo, o projeto Baixo Centro 2013 arrecadou R$ 72.750, através de 1920 doações, que variaram de R$ 10 a R$ 500. O valor serviu para financiar as atividades artísticas – um sem-fim de misturas entre diversos tipos de arte – com o intuito de “provar que o centro de SP não é apenas uma região de passagem.”

Com o lema “As ruas são para dançar”, o Festival Baixo Centro tomou o centro de São Paulo com atividades culturais, no início de 2012, a partir da iniciativa de coletivos insatisfeitos com o abandono dessa região por parte de instituições e órgãos governamentais. A proposta foi promover um festival independente e colaborativo, financiado pela população sem parcerias com governos, investimentos da iniciativa privada, ou uso de leis de incentivo à cultura.

Além da chamada pública de colaborações, a segunda edição conta também com orçamento
e atas
públicos, para garantir que o festival seja de quem quiser se apropriar.

Confira a programação completa
e corra para a rua. A programação é gratuita.

Leia mais sobre o Baixo Centro na seLecT.