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Postado em 29/11/2011 - 4:21
Livros sociais para leitura em rede
Giselle Beiguelman

Em entrevista a seLecT, Bob Stein fala sobre o futuro da leitura

Bob_stein

Página de livro interativo da escritora Doris Lessing, agraciada com o Prêmio Nobel de Literatura, desenvolvido pelo Instituto para o Futuro do Livro, fundado por Bob Stein

Bob Stein é o criador e líder de projetos como a Criterion Collection – de filmes selecionados e comentados – à antológica editora Voyager, responsável por CD-ROMs que redefiniram a ideia de livro multimídia, com lançamentos como Understanding McLuhan (1996) e Puppet Motel, de Laurie Anderson (1998), entre outros. Ele também foi fundador e diretor do Instituto para o Futuro do Livro, projeto que permite a experiência de vários processos de leitura on-line e prepara, para janeiro de 2012, o lançamento do SocialBook, uma plataforma para a publicação e leitura compartilhada na era das telas interconectadas. Em entrevista a seLecT, Stein fala do futuro da leitura.

O que é o SocialBook?

É uma plataforma abrangente para publicação na era digital que reconhece que a mudança da página impressa para a tela em rede requer um repensar completo do processo de leitura e da transformação de todo o ecossistema dos textos: como são criados, distribuídos e consumidos.

Quanto tempo demorou para desenvolver o SocialBook e quantas pessoas estão envolvidas no projeto?

Basicamente, comecei a trabalhar no SocialBook há 30 anos, quando, com minha equipe, nos propusemos que ele se tornasse a Random House de amanhã. Levou todo esse tempo para compreender a complexidade do problema e quais os blocos de construção necessários para o seu vir a ser. A equipe atual é de 12 pessoas. Estamos prestes a crescer significativamente.

A Amazon anunciou um novo recurso (@author) que conecta os leitores aos autores dos livros. Parece que a leitura social é realmente a nova tendência. Como você vê esse fenômeno?

Quando a leitura se desloca da página para uma rede dinâmica, o aspecto social de leitura move-se para o primeiro plano. Não é que esse aspecto da leitura não estivesse lá antes. É que é obscurecido quando os conteúdos são reificados em um objeto “congelado” e “isolado” – isto é, um livro impresso. Quando os textos são apresentados em navegadores que permitem a conversa nas margens, as pessoas naturalmente começam a falar
umas com as outras sobre as ideias que encontram na página. O livro torna-se um lugar onde os leitores (e, às vezes, os autores) se reúnem.

Tornou-se senso comum dizer que estamos vivendo a era dos apps. O SocialBook terá uma versão app? 

Espero que não. Os aplicativos podem ser muito legais, mas reproduzem um dos aspectos mais problemáticos da impressão: o isolamento de um livro para o outro. Vivemos em uma web aberta. Precisamos ser capazes de pesquisar em bibliotecas e coleções, e devemos ser capazes de dar
um Google em qualquer ideia que nos ocorra durante a leitura, sem ter de sair do aplicativo e abrir um browser.