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Paxton Winters recebe Concha de Ouro pelo filme Pacificado, realizado em uma colaboração criativa de sete anos com moradores do Morro dos Prazeres, no Rio (Foto: Pedro McCardell)
Postado em 28/09/2019 - 6:43
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Paula Alzugaray, de San Sebastián

O longa-metragem Pacificado (2019), do diretor Paxton Winters, ganhou neste sábado 28 a prestigiada Concha de Ouro, prêmio máximo do 67º Festival de San Sebastián, no País Basco, Espanha, além de outros dois troféus: Melhor Ator para Bukassa Kabengele, pelo seu papel de um antigo chefe de tráfico de drogas que regressa à comunidade depois de 14 anos detido, e Melhor Fotografia, para Laura Merians. 

Diretor Paxton Winters recebe Concha de Ouro no 67º Festival de San Sebastián (Foto: Lisa Muskat)

Com Débora Nascimento, Cassia Nascimento, Lea Garcia e José Loreto no elenco, o filme conta com Beto Villares, na Trilha Sonora, e Ricardo van Steen assinando Production Design, responsável por todo o visual do filme, desde a maquiagem e figurino, até a supervisão de fotografia e arte. 

Rodado na comunidade do Morro dos Prazeres, no Rio, em 2017, o filme é o segundo longa-metragem do diretor norte-americano Paxton Winters.  Acompanha a trajetória de Tati (Cassia Nascimento), uma garota de 13 anos, que luta para se conectar com seu pai, Jaca (Bukassa Kabengele, Melhor Ator no festival), depois que ele é libertado da prisão, na esteira turbulenta das Olimpíadas do Rio. Enquanto a Polícia de Pacificação (UPP) ocupa temporariamente as favelas do Rio, Tati, Jaca e Andrea (Débora Nascimento), ex-mulher do ex-chefe do tráfico dos Prazeres, navegam por forças conflitantes, que ameaçam inviabilizar sua esperança de futuro. 

Nascido de uma colaboração criativa de sete anos entre a comunidade do Morro dos Prazeres e o escritor/diretor Paxton Winters, o filme tem entre suas maiores qualidades a escuta e o olhar subjetivo dos conflitos da vida no Morro. Winters viveu durante cinco anos nos Prazeres e escreveu o roteiro a seis mãos com Wellington Magalhães, morador da comunidade, e o documentarista norte-americano Joe Carter, que também viveu no Brasil por muitos anos, realizando diversos projetos relacionados ao crime organizado. O longa Pacificado revela, portanto, muito da atuação de Paxton Winters como documentarista. 

“Sou, em primeiro lugar, um ouvinte de histórias e, depois, um contador de histórias. Mas talvez a melhor definição seja um ‘canal de histórias’ ou um ‘condutor de histórias’”, diz Winters a seLecT. “Tudo se resume a um processo. O processo começa com escutar e observar. Depois, faço muitas perguntas – isso vem da minha experiência jornalística/ documental. Depois, tento encontrar os temas e verdades universais nessas histórias para poder traduzi-las de maneira que possa atrair um público mais amplo. Esperançosamente, para pessoas que nunca teriam acesso a esse mundo”, diz. 

Co-produção de Darren Aronofsky (diretor de Cisne Negro, Mãe!, Noé, entre outros), Lisa Muskat, Paula Linhares e Marcos Tellechea, o filme ainda não tem data prevista de lançamento no Brasil. Mas terá sua primeira exibição pública no País na Mostra de Cinema de São Paulo, em outubro. Reserve a data!