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Vista da exposição na Chácara Lane
Postado em 15/02/2016 - 12:05
Marilá Dardot faz exposição na Chácara Lane
Artista exibe 32 obras na curadoria de Douglas de Freitas

Está em cartaz na Chácara Lane, um dos equipamentos do Museu da Cidade, a exposição individual Guerra do Tempo, trazendo 32 obras da artista mineira Marilá Dardot. Com curadoria de Douglas de Freitas, a individual reúne trabalhos de 2002 a 2016, colocando o imóvel histórico, conhecido como Chácara Lane, e restaurado em 2012 pelo Departamento do Patrimônio Histórico, de volta ao circuito de artes visuais da cidade.

Segundo o curador, “a exposição é um recorte em torno do apagamento e do esquecimento dentro da produção da artista, desde uma dimensão mais poética, como em Hic et Nunc (2002), onde a artista cria um vídeo em que escreve os verbos que movem seu trabalho em uma lousa branca ao mesmo tempo que os apaga, ou em Marulho (2006), apresentada na 27ª Bienal de São Paulo, onde oito livros diferentes têm suas páginas apagadas, restando apenas os trechos que versam sobre o esquecimento; até uma dimensão mais política, como na obra inédita Demão, em que um letrista escreve sobre painéis alguns slogans e lemas das gestões federais, além de slogans e lemas da oposição, que são velados de branco e sobrepostos, sem apagar o anterior”.

São exibidas 14 séries de trabalhos, incluindo o vídeo de 2015 Quanto É? O que Nos Separa, resultado de uma performance realizada no Rio de Janeiro em que um cartazista profissional escreve valores colhidos em uma pesquisa realizada pela artista na Praça Mauá, cujo som é o áudio da performance, onde, a convite da artista, Felipe Fly improvisa uma interação com o público guiada pelas perguntas da pesquisa.

Em Minha Biblioteca Sueca e Minha Biblioteca Polonesa, ambas séries de 2015, Marilá organiza por cores, formatos e tamanhos, capas de livros publicados em idiomas que não lê. Na versão idealizada para a Chácara, a instalação Código Desconhecido reúne fragmentos de livros com diferentes tempos e tonalidades de envelhecimento que são colocados lado a lado, remetendo à um código de barras.

A impressão Guerra del Tiempo (2012), que dá nome à mostra, tem título emprestado da obra de Alejo Carpentier. No livro, três contos constituem variações sobre o tema do tempo; na imagem da artista, o livro se sobrepõe a outros, que aumentam em escala. Cada um, entretanto, tem uma tonalidade de amarelo diferente, revelando diferentes tempos sobrepostos. Na série de 2008 Paisagem sob Neblina, cinco de frases sobre o silêncio coletadas de obras literárias diversas são sutilmente bordadas com linha cinza sobre feltro cinza, criando um retângulo que evoca uma paisagem apagada pela neblina.

No vídeo-objeto Movimento das Ilhas (2008), um misterioso jogo de palavras não oferece pista das letras enquanto em Puzzling Over (2007), quatro quebra-cabeças em branco se sobrepõem e multiplicam formando oito quebra-cabeças onde corte e imagem de corte estão sobrepostos; são apresentados, ainda, sete trabalhos da série Never to Forget (2006) e Diário de Janeiro, jornal que traz compiladas as principais notícias de janeiro de 2015, impressas em tom próximo ao do papel, em estado de apagamento.

A mostra fica em cartaz até o dia 17/4, com entrada gratuita.