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Postado em 23/06/2015 - 6:48
Nosso lar
Bruno Flores estréia romance que tem como pano de fundo as antigas lendas do Pacífico Sul
da Redação

 

Capa do livro de estréia de Bruno Flores (Foto: Divulgação)

São muitas as formas da relação entre antropologia e literatura. A começar com Maíra, de 1976, romance no qual Darcy Ribeiro imagina uma tribo fictícia, uma representação de vários grupos indígenas brasileiros. Nunca é demais lembrar que, no período da publicação, a tribo Avá-Canoeiro estava sendo massacrada pela ditadura militar. Fato que exigiria um terceiro elemento, o político, nos romances antropológicos.

O romance Rumah, de Bruno Flores, editado pela Multifoco, retoma o romance antropológico, mas extrapola o contexto brasileiro para revelar os segredos seculares dos Kitaran, povo fictício do Pacífico Sul. Para escrever sua obra de estréia, o autor viajou aos arquipélagos de Fiji, Vanuatu e Tonga, onde conviveu com a natureza, a cultura, as lendas e o folclore da região.

O livro conta a história da jornada do povo Kitaran em busca da ilha de Rumah, palavra que significa lar, em malaio. A história também discute as relações entre passado e futuro, diferença e universalismo, e, sobretudo, a complexa relação dos povos indígenas com os espíritos e não-humanos. Veja, por exemplo, esse excerto:

Fosse por simples hábito, imposição social ou legítima devoção, a maioria dos clãs e famílias Kitaran comparecia a essas cerimônias a cada cinco dias na costa oeste da ilha de Rumah, bem ao centro do povoado. Mas essa não era uma cerimônia qualquer. Correra a notícia de que, nesse dia, Uhama Senyor teria seu corpo possuído pelo espírito de Manusia, Ancestral dos seres humanos, que pela primeira vez desejava transmitir um comunicado direto ao povo Kitaran.

O livro será lançado amanhã, dia 24 de junho, quarta-feira, às 19h, na livraria Travessa de Botafogo (Rua Voluntários da Pátria, 97 – Botafogo, RJ).