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Fotografia de Vincent Rosenblatt na exposição Rio Night Fever
Postado em 04/02/2020 - 2:21
O calor das noites cariocas e a liberdade do carnaval
O corpo e o erotismo da cultura carioca são assuntos da individual do francês Vincent Rosenblatt e da coletiva Chama o Bloco
Leandro Muniz

Duas exposições, uma no Rio de Janeiro e uma em São Paulo, apresentam fotografias que retratam festas populares, como bailes funk e carnaval cariocas, a partir de olhares próximos. Rio Night Fever, individual do fotógrafo francês Vincent Rosenblatt, reúne uma produção de imagens realizadas nas noites cariocas, enquanto a coletiva Chama O Bloco retrata o Carnaval em suas cenas de intimidade, cuidado e afeto.

Desde 2002, Rosenblatt fotografa as noites de baile funk carioca com bastante proximidade e luz, gerando imagens que ressaltam nos retratados a musculatura, o suor da pele e a materialidade de suas roupas e acessórios. O artista apresenta sua produção na Galeria da Gávea, com obras produzidas entre 2015 e 2019.

O fotógrafo costuma registrar a vida cultural das comunidades cariocas, da preparação dos bailes, passando pelo carnaval de rua conhecido como Clóvis, até as partidas de futebol em campos improvisados. O funk, que completou 30 anos em 2019, é um dos maiores focos de interesse do artista, como símbolo de uma experiência cultural enraizada na cultura jovem no Brasil, desde suas versões de maior apelo sexual, o “proibidão”, até suas versões mais comerciais, em que se percebem acentos de música pop e letras mais amenas. A proximidade com que essas fotografias são realizadas deixa claro o fascínio e exterioridade do fotógrafo em relação àquele contexto, ao mesmo tempo em que evidencia o embate corpo a corpo e sua imersão na música, nos corpos suados e em movimento.

Festas populares também são assuntos da exposição coletiva Chama O Bloco, na Bianca Boeckel Galeria, em que fotografias informais, jornalísticas e obras que utilizam o recurso da realidade aumentada são reunidas para retratar o Carnaval, a partir de um ponto de vista íntimo, para além do movimento da multidão. Sensualidade, alegria e a apresentação de contextos sociais específicos são pontos em comum entre as duas exposições, que discutem também estereótipos sobre brasilidade, as tensões entre o fotógrafo e seus retratados, assim como a representação de corpos não normativos e dissidentes.

Chama O Bloco reúne trabalhos de Ana Carvalho, José Guilherme leite, Lucas Bori, Michael Hocherman, Pedro Esteban e Rapha Silva, que apresentam cerca de 20 fotografias e obras em realidade aumentada, em uma curadoria de Francisco Almendra. As imagens retratam cenas de afeto, cuidado e alegria, que demonstram experiências individuais dentro da massa, capturadas por olhares de quem estava imerso no movimento, possibilitando a atenção à singularidade das personagens, dos movimentos e de suas interações com a música e os outros.

Serviço
SÃO PAULO
Chama o Bloco
Exposição coletiva, de 8/2 a 10/3, Bianca Boeckel Galeria, Rua Domingos Leme, 73  | biancaboeckelgaleria.com
RIO DE JANEIRO
Rio Night Fever
Individual de Vincent Rosenblatt, de 14/2 a 3/4, Galeria da Gávea, Av. Marquês de S. Vicente, 432 | galeriadagavea.com.br

Fotografia de Vincent Rosenblatt na exposição Rio Night Fever