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Postado em 25/08/2011 - 9:22
O fim do virtual: corpos informacionais

Como as novas mídias e tecnologias estão mudando nosso entendimento sobre nossos corpos e da natureza

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Conforme avança o projeto Genoma, a imagem da vida condensada em tubos de ensaio deve ser em breve substituída pela de computadores e máquinas de processamento de informações.

Giselle Beiguelman

Num mundo mediado por bancos de dados de toda sorte, somos uma espécie de plataforma que disponibiliza informações e hábitos, conforme construímos nossas identidades públicas nos diversos serviços relacionados ao nosso consumo, lazer e trabalho. Somos, portanto, corpos informacionais que podem não só transportar dados, mas que passam também a ser entendidos como um campo de escaneamento e digitalização de informações. Tomografia computadorizada, ressonância magnética, mamografia e vários tipos de ultrassonografia são alguns dos métodos corriqueiros desse processo de intelecção da vida como um campo da computação e das ciências da informação.

Isso tende a se acirrar, conforme se popularizam os métodos de investigação genética e sua distribuição pela internet. No limite, foi isso o que o Projeto Genoma fez: converteu nossa compreensão do corpo, antes entendido como um arranjo de carne, ossos e sangue, em um mapa de informações sequenciadas em computador. A situação faz pensar que um dia poderemos subitamente encontrar parte do nosso código genético no Google ou haquear o DNA de alguém via um site de compartilhamento baseado em Torrents.

Mas faz também pensar que estamos testemunhando a reconceituação do que se entendia por natureza. A emergência de novos padrões de beleza é sintomática desse processo. Eles nascem em uma realidade midiática que corporifica Lara Croft, protagonista do jogo de computador homônimo, e transforma Angelina Jolie em sua cópia real. Contudo, essa é uma via de mão dupla. Evidência disso é o aumento do interesse nas pesquisas relacionadas à biomimética. Essa linha de investigação busca na natureza parâmetros para o desenvolvimento industrial.

Um de seus resultados mais antigos é a fita adesiva Velcro, uma invenção de 1941 baseada na observação de pequenas sementes de grama com espinhos aderentes. Entre as mais recentes, destacam-se as telas finas, de alta resolução e economia de energia, que mimetizam as asas translúcidas de borboletas, e estruturas leves de fibra de carbono para carros, concebidas a partir do estudo da distribuição do peso de grandes árvores.Os limites entre natureza e cultura perdem definição. Indicam novas relações entre real e virtual. Elas têm dimensões estéticas, cognitivas e políticas.

Continue lendo a artigo aqui:

Introdução

Mídias tangíveis

Uma próxima natureza

Da internet das coisas à internet das pessoas