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Postado em 25/08/2011 - 9:07
O fim do virtual: mídias tangíveis

Quando a rede se estende para além das telas dos computadores

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Estamos diante de uma nova tangibilidade. Ela é sensorial,táctil, concreta, mas também midiática.

Giselle Beiguelman

As imagens deixam de ser superfícies clicáveis e se transformam em interfaces expandidas que borram os limites entre o real e o virtual. Consoles de jogos como o Wii, da Nintendo, e o Kinetic, da Microsoft, e, num nível mais elementar, o iPad, da Apple, são exemplos quase autoexplicativos dessa diretriz de pesquisa e produção.

As telas ficarão maleáveis e poderão ser redimensionadas.Os dispositivos de projeção vão aderir a superfícies diversas, inclusive ao corpo, conforme nossa necessidade. A computação será vestível. Não invejaremos mais o incrível sapatofone do Agente 86 nem o não menos incrível relógio-faz-tudo de Dick Tracy. Nesse contexto, somos ciborguizados por aparelhosque nos transformam em um híbrido de carne e conexão e os objetos convertem-se em instâncias materiais dos fluxos de dados.

Nada mais esclarecedor desse processo que a diversificação dos usos das etiquetas com RFID (Identificação por Radiofrequência). Elas podem ser lidas a grande distância e armazenar uma diversidade de informações sem ser desativadas. São menores que um grão de arroz e cada uma delas é única. Só existe uma para cada produto, mas a sua decodificação remota não é associada a um leitor específico. Permitem, por isso, a otimização de uma série de rotinas do cotidiano e também potencializam o controle e monitoramento da privacidade numa escala sem precedentes.

Imagine a seguinte situação: você é cliente de uma loja onde experimentou várias roupas. A loja usa etiquetas invisíveis de RFID nas roupas que vende. Meses depois, você volta a essa mesma loja e uma tela lista, automaticamente, todos os produtos que você pode vir a gostar. E se você gostar de alguma coisa, não precisará nem passar seu cartão de crédito no caixa. Suas informações já estarão no banco de dados e sua roupa nova será debitada automaticamente. Isso parece ótimo, não? É como se a experiência do consumo se transformasse numa grande Amazon.com.

Afinal, um dos segredos de sedução dessa loja on-line é sua célebre lista de recomendações – o“quem comprou esse livro, comprou também…” Lista que é feita, é bom lembrar, pelo cruzamento dos seus dados com o de outros perfis de clientes semelhantes ao seu. Mas, e se você entrar, com sua roupa rádio-etiquetada em outra loja, onde nunca passou antes, e essa loja tiver leitores de RFID, o que acontece?Simples: a loja pode acessar informações que estão associadas à sua roupa. Onde você a comprou, quando, se sempre compra nessa loja. E como você usou cartão de crédito, dados pessoais, como endereço, nome completo e telefone, podem rapidamente ser rastreados e incorporados ao banco de dados da nova loja.

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Introdução


Corpos informacionais 

Uma próxima natureza

Da internet das coisas à internet das pessoas