A edição 10 surge sob o signo da viagem. Não só porque no meio de seus meses de produção passamos por férias coletivas, quando cada um pôde expandir seus horizontes, mas também porque tivemos o privilégio de acompanhar o deslocamento, passo a passo, da artista Marina Abramovic em viagem de 45 dias de pesquisa pelo Brasil. A editora-chefe Giselle Beiguelman e o diretor de arte Ricardo van Steen viajaram para Marte. Na idolatria que compartilham pelo planeta vermelho, eles o transformaram na “última utopia” e em solo fértil para artistas, arquitetos e designers plantarem sonhos interplanetários.
Diretamente do deserto marciano pousamos no pico de um rochedo, no interior da Alemanha oitocentista, para das alturas contemplar a insignificância da existência humana, dispersa em um mar de neblina a se confundir com a espuma de uma onda monumental. Na estreia do crítico de arte Guy Amado como colaborador de seLecT, mergulhamos na potência simbólica e visual do surfe como experiência-limite. E saímos molhados.
Esses são alguns dos extremos paradisíacos da seLecT 10, que ainda sobrevoa os paradoxos de Miami e Havana pelas lentes de Ernesto Oroza. Para arrematar, seLecT ganha outros ares com duas novas seções, que ampliam o diálogo com sua comunidade. O Fogo Cruzado surge como novo formato de debate, em que varremos nossas agendas lançando uma pergunta lancinante e premente. Na largada queremos saber: para que serve o curador?
Também inauguramos a seção Vernissage, composta do portfólio de um artista que estará em cartaz em uma galeria do Rio ou de São Paulo nos meses em que a revista estará nas bancas. A Vernissage de estreia conta com o trabalho iluminado do pernambucano Kilian Glasner, interpretado pela crítica de arte Fernanda Lopes.
Que venha a grande onda!
*Publicado originalmente na edição impressa #10.