O que é a fase adulta na visão de Cao Guimarães? Para o artista, que ganha sua primeira individual no novo espaço da Galeria Nara Roesler em NY, é apenas o momento em que vivem as lembranças da infância e as expectativas com relação à velhice.
A exposição traz exatamente esse recorte da obra do mineiro, com curadoria de Moacir dos Anjos – o mesmo que escreveu o texto da primeira monografia sobre o artista, Cao, publicada no fim do ano passado pela Associação para o Patronato Contemporâneo (APC) em parceria com a Cosac Naify. Dos Anjos também fez a curadoria da retrospectiva de Guimarães no Itaú Cultural em 2014.
Oito filmes em diversos formatos e durações, como Da Janela do Meu Quarto (2004), Peiote (2007), Lero Lero e Reza (ambos deste ano), abordam questões relativas às expectativas da infância com relação à fase adulta e o desapego da velhice. Para Guimarães, os dois períodos são mais livres que a fase adulta, pois experienciam o tempo de forma mais orgânica e sem as demandas desta última.
Marcas registradas do artista, as narrativas inconclusas, difusas, que subvertem a lógica causal comum dão o tom das produções exibidas na mostra. Levado pelas sensações sugeridas por imagens mais ou menos literais, o público tem liberdade para construir a própria leitura dos trabalhos.
Além deles, a Galeria Nara Roesler une-se à Cinema Tropical (distribuidora e divulgadora de produções latinas nos EUA) para exibir o último longa-metragem de Cao Guimarães, O Homem das Multidões (2013), rodado em parceria com o cineasta Marcelo Gomes. Além do filme, outros curtas do artista mineiro completam a programação, que também marca o lançamento de um livro realizado pela galeria e pela distribuidora.
Deriva – Cao Guimarães, 31/3 a 29/4, Galeria Nara Roesler NY, 47 W 28th Street, 2º andar