“Há tempo de escrever e há tempo de pintar. E há tempo de não fazer absolutamente nada”. O poema de Montez Magno exposto na parede da galeria Pilar, em São Paulo, integra a exposição Poemata (É Tudo Poesia). Extraídas do livro Floemas (1970-77), as palavras ali ganham o espaço, libertando-se da moldura das páginas, e dividindo a cena com 40 pinturas, esculturas, desenhos, colagens e outros poemas.
Com curadoria de Lisette Lagnado, a mostra procura evidenciar os diálogos entre escritura e pintura na obra do artista pernambucano nascido em 1934 e ativo até hoje. Pintor, escultor e escritor, Montez Magno é acima de tudo um inventor – de cidades imaginárias, para as quais realiza maquetes; e de linguagem.
Suas inflexões poéticas – que Lagnado aqui expandiu para o espaço – não se resumem à linguagem verbal e estão, portanto, impregnadas em toda obra plástica, das “Cartas Celestes” ao álbum “Notassons” (desenhos sobre partituras).
As relações não hierarquizadas entre os dois regimes de criação levou a curadora a associar a poesia de Magno ao papel que a música ganhou na obra de Hélio Oiticica, que, num dado momento de sua carreira, descobriu que tudo o que fazia o levava ao elemento musical. Extraída de um texto de HO, a frase “O q faço é música” virou título de uma individual em 1986.
Poemata (é tudo poesia) – Montez Magno, curadoria Lisette Lagnado, até 21/5, Galeria Pilar, Rua Barão de Tatuí 389, São Paulo