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Postado em 14/05/2012 - 5:45
O que esperamos do nosso pop universal?
Dudu Tsuda

Sónar evidencia diferenças entre artistas nacionais e estrangeiros

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Legenda: Kraftwerk levou suas projeções 3D ao Sónar

O Brasil está crescendo. Frase do ano, do mês, da semana, do dia, do twitter, do elevador. Substituiu até assuntos tão nobres quanto clima e jogo do Corinthians. E ao que tudo indica, em 2014 cumpriremos as profecias dos anos 50 com algumas décadas de defasagem.

Sentir isso nas ruas é incrível. Agora sentir isso na cultura, é indescritível. As noites do Sónar São Paulo, festival audiovisual que aconteceu na cidade nos dias 11 e 12 de maio, emanavam prosperidade.

Mesmo com ingressos muito bem cobrados, a festa movimentou muita gente. Público suficiente para lotar todos os ambientes e ainda dar aquela sobrinha. Saudável sobrinha, diriam os patrocinadores, que estavam por lá em peso. 

Não é preciso repetir o coro de jornalistas e internautas ‘endeusificando’ as videoprojeções 3D do Kraftwerk, ou a performance audiovisual da dupla Alva Noto e Ryuichi Sakamoto, ou ainda do show de pirotecnia de luzes, led e videomapping da dupla francesa ultrapop Justice.

Apresentações com propostas muito diferentes mas com a mesma proficiência técnica que tanto esperamos para ver em cena. Essencial para compor o repertório de qualquer indivíduo que aprecie boa música e performance audiovisual.

Todavia, não deixei de notar um sintoma recorrente nos festivais e mostras audiovisuais no país, que muito incomoda os artistas nacionais, mas que acaba passando batido pelo grande público. Afinal de contas, quem frequenta um festival do porte do Sónar, conscientemente ou não, vai atrás dos suntuosos palcos das grandes atrações pop internacionais. A prata da casa, resolvemos depois. 

Resolvíamos. Acontece que a cena artística independente se profissionalizou e, assim como o Brasil, anseia por mais espaço.

A nova safra de artistas é mais rápida, mais antenada e mais predisposta a compreender a criação audiovisual de uma forma mais universal. Apesar de disporem a seu favor cachês muito mais enxutos e muito menos apoio institucional de empresas e editais, conseguem no palco atrair muito mais a atenção do público especializado dos festivais do que a velha guarda empoeirada da MPB. Estes custam caro, trabalham no esquema old school grana, whisky e Rouanet, e não apresentam nada de novo e atraente. 

Vivenciar cada vez mais festivais e mostras internacionais no país é importantíssimo, foi um grande passo para a cultura nacional. Aprendemos muito com os ‘gringos’, ainda temos uma longa estrada a percorrer. Mas é chegada a hora de pensarmos em como nos colocar no pódio de atrações audiovisuais universais e nos afirmar enquanto uma nação que produz arte internacionalmente.

Dudu Tsuda é compositor multidsciplinar. Lançou recentemente o disco Le Son par Lui Même, com composições em francês e japonês.