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Postado em 09/09/2012 - 1:57
Pivô leva experimentação para o Copan
Juliana Monachesi

Com base nos preceitos da economia criativa, novo espaço cultural abre as portas no centro de São Paulo para oferecer formas alternativas de apoio a artistas, curadores e outros produtores artísticos

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Legenda: Galeria do terceiro andar e portas de vidro que dão acesso ao terraço (Foto: Divulgação)

O projeto Pivô acaba de abrir suas portas. A plataforma autônoma dedicada à investigação dos processos contemporâneos de criação cultural que “nasce com o intuito de propor questionamentos críticos no campo da arte, arquitetura, urbanismo e outras manifestações contemporâneas, constituindo-se como um lugar moldável às necessidades específicas de cada projeto”, propõe com suas ações o fomento de “alternativas de apoio e parceria com outros agentes da cena cultural, como museus, galerias, centros de arte e universidades, por meio da busca de novos modelos de gestão e financiamento”, segundo o material de divulgação à imprensa. O espaço de 3.500 m² do Pivô está localizado no Copan, e participa da revitalização da região central de São Paulo.

Sobre a sede do projeto, afirmam: “O edifício Copan– a mítica Unité d’Habitation de Oscar Niemeyer encravada no centro novo de São Paulo – é um cartão-postal da cidade e tema de incontáveis discussões de arquitetura e urbanismo. O Copan, construído entre 1952 e 1961, abriga hoje em dia uma vida social vibrante e diversificada. Aproximadamente cinco mil moradores convivem dentro desse edifício de porte monumental: lojas, restaurantes, serviços diversos, além de vários tipos de apartamentos. Mesmo diante dessa realidade, é surpreendente descobrir que 3.500 m2 do conglomerado estavam fechados há quase vinte anos. Trata-se dos três primeiros pavimentos do embasamento no canto voltado para o edifício Itália, que abrigou outrora o Hospital Dentário do Bradesco. Agora sediará o Pivô”.

O ponto central do lançamento de suas atividades é a exposição de produção própria Da Próxima Vez Eu Fazia Tudo Diferente, com curadoria do Diego Matos. A mostra reúne obras de 14 artistas brasileiros de varias gerações que, ao convite de Matos, desconstroem aquele espaço fragmentado em busca de “pontos de interceptação”. São eles Adriano Costa, Amália Giacomini, Carmela Gross, Cristiano Lenhardt, Daniel De Paula, Eduardo Coimbra, Eduardo Frota, Guilherme Peters, Luiz Roque, Marcelo Gomes, Nazareno, Paloma Bosquê, Rogério Sganzerla e Vitor Cesar.

O título da exposição é a última frase que se ouve no curta-metragem Documentário (1966) de Rogério Sganzerla. A curadoria de Diego Matos começa, portanto, onde o filme termina, pretendendo “refletir sobre a memória da promessa de modernidade vivida na década de 60 no Brasil”, e se valendo do filme também como um gerador do “ritmo de circulação e confronto de imagens presentes na ocupação do espaço do Pivô dentro do percurso da exposição”, ainda segundo o material de divulgação.

Os artistas Amália Giacomini, Eduardo Coimbra, Eduardo Frota, Guilherme Peters e Paloma Bosquê interferem diretamente na arquitetura, enquanto as obras de Adriano Costa, Daniel de Paula, Carmela Gross e Vitor Cesar levam para o espaço elementos industriais externos ao prédio. Nos vídeos de Luiz Roque e Cristiano Lenhardt, nas fotografias de Marcelo Gomes e nos desenhos e instalação de Nazareno Rodrigues, observa-se a criação de histórias imaginárias inseridas no percurso.

Em paralelo à exposição Da Próxima Vez Eu Fazia Tudo Diferente, o projeto Pivô convida as galerias Emma Thomas e Mendes Wood para apresentar obras de seus artistas. Lucas Simões e Alexandre Brandão, da Emma Thomas, realizam intervenções individuais que ativam de forma paralela, mas independente, a arquitetura do edifício. “A instalação Dimensão Encerrada, de Simões, cria um labirinto dentro de um ambiente já desarticulado. Usando o próprio espaço como matéria prima para sua intervenção, tira partido do desnível como elemento de experiência, fazendo o espectador ora imergir, ora emergir, perdendo e ganhando referência espacial durante o percurso. Na prospecção do espaço foram descobertos vazios que estavam isolados por paredes, que, então expostos, foram incorporados à instalação”, explica o release.

Da Mendes Wood, vem ao Copan a exposição Alphabet of Magi, projeto da galeria com curadoria de Jen DeNike. “Nela, Jen traz sua investigação sobre os processos místicos e mágicos nas obras de James Lee Byars, Francesco Clemente, Jen DeNike, Maya Deren, Marcel Duchamp, Sonia Gomes, Alejandro Jodorowsky, Thiago Martins De Melo, Daniel Steegmann e Tunga. Os artistas criaram sua própria linguagem buscando definir o que é essencialmente indefinível, dando lugar a uma alquimia de pensamentos, símbolos, adivinhações do tarô, mapeamentos de vocabulários arcanos, revelando através não de uma leitura direta, mas da transfiguração em imagem. Dessa forma, se propõe um olhar do transcendental em conversa com a redescoberta da arquitetura abandonada em processo de reativação.”

Serviço

Da Próxima Vez Eu Fazia Tudo Diferente @ Pivô
Artistas: Adriano Costa, Alexandre Brandão, Amália Giacomini, Carmela Gross, Cristiano Lenhardt, Daniel De Paula, Eduardo Coimbra, Eduardo Frota, Guilherme Peters, Lucas Simões, Luiz Roque, Marcelo Gomes, Nazareno, Paloma Bosquê, Rogério Sganzerla e Vitor Cesar. Curadoria de Diego Matos

Dimensão Encerrada de Lucas Simões @ Pivô convida a galeria Emma Thomas

Quase Sombra de Alexandre Brandão @ Pivô convida a galeria Emma Thomas

The Alphabet of Magi @ Pivô acolhe a galeria Mendes Wood
Artistas: James Lee Byars, Francesco Clemente, Jen DeNike, Maya Deren, Marcel Duchamp, Sonia Gomes, Alejandro Jodorowsky, Thiago Martins De Melo, Daniel Steegmann e Tunga. Curadoria de Jen DeNike

Período expositivo: 08 de setembro a 14 de outubro
Avenida Ipiranga, 200, loja 48, Centro – São Paulo
Funcionamento: de terça-feira a domingo, das 12h às 20h
Entrada gratuita