icon-plus
Postado em 30/09/2013 - 10:05
Portenhos à vista na Baró
Luciana Pareja Norbiato

Pablo Siquier e Mariana Sissia exploram imagens em micro e macroescala executadas com materiais primários

Legenda: Fotos: divulgação

Pablo Siquier 7

Legenda: Projeto que Pablo Siquier cria em programa arquitetônico de computador e depois transfere para a parede com carvão, em dimensões gigantes

Dois artistas portenhos estão ocupando as paredes da Baró desde o último sábado. Em comum, além de serem argentinos, Pablo Siquier e Mariana Sissia trabalham com imagens que se pretendem reais, embora sejam produtos de criação arquitetônica, no caso do primeiro, ou de manipulação de micro ou macroimagens, no caso da segunda. 

O jogo com as dimensões, a utilização de materiais primários da arte (carvão e grafite, respectivamente), o tempo lento de produção e a percepção das obras em camadas também são características comum aos trabalhos de ambos. 

Pablo Siquier passa um ano inteiro desenvolvendo alguns poucos projetos intrincadíssimos em um programa arquitetônico de computador, para depois projetá-los sobre as paredes – no caso da Baró, enormes – e recobri-los com carvão. “A ideia é que, de longe, os desenhos pareçam perfeitos, para depois o público perceber, ao vê-los mais de perto, que são brutos, feitos à mão com carvão”, conta Siquier.

A lógica estruturada e esmagadora das metrópoles dá tom crítico aos trabalhos. O próprio carvão não é usado impunemente: além de deixar notar a mão que executa o traço, é um elemento que remete ao cinza e à poluição dos grandes centros. 

Mariana Sissia Panoramica

Legenda: Vista geral de uma das obras que compõem a exposição El Tiempo Como Microcosmo, de Mariana Sissia

Em El Tiempo Como Microcosmo, a jovem Mariana Sissia, 33 anos, explora imagens impossíveis de serem vistas a olho nu. São fotos de satélites ou imagens de microscópios servindo de base para desenhos de paisagens imaginárias – e poéticas – que remetem ao espaço ou a mapas de relevo, de longe. 

De perto, permitem ver o tracejar delicado que confere um caráter orgânico, de elemento vivo, aos trabalhos. Partindo da projeção sobre papel, risca-o com grafites de variadas durezas, que imprimem tonalidades mais ou menos intensas.

“Uso como ponto de partida imagens que apelam para a nossa fé, porque não podemos vê-las de fato, embora se afirme que aquilo existe”, ela diz. Para fazer a composição de seus trabalhos, usa sequências que se apropriam de diferentes recortes, um ao lado do outro, num mosaico entre macro e microfotos.  Cada segmento leva cerca de dois meses para ser produzido.

Acompanhando as duas mostras, há a coletiva Home Theatre. Com curadoria do britânico Toby Christian, a mostra apresenta 24 vídeos internacionais.

Contratura, El Tiempo Como Microcosmo e Home Theatre
Baró Galeria, Rua Barra Funda, 216, SP
Até 30/11