icon-plus
Rodolpho Parigi (Fotos: Cortesia do artista)
Postado em 19/06/2017 - 6:26
Preconceito velado
Rodolpho Parigi fala sobre preconceito com a comunidade LGBT, que não aparece apenas em lugares esperados
Luana Fortes

Rodolpho Parigi, e seu alter ego Fancy Violence, marcaram presença na Pinacoteca de São Paulo durante os dias que precederam a Parada LGBT na cidade. A instituição contou com a presença do artista para integrar uma programação especial em homenagem ao evento, que busca colocar em debate questões de gênero e sexualidade no campo das artes. Para completar a discussão e também o tema da #seLecT35, dedicada a Extremismo, Parigi reflete a respeito de possíveis preconceitos identificados no universo artístico. Confira abaixo seu depoimento feito para a seLecT:

Fancy Violence

“O brasileiro é um povo muito misturado. Temos diferentes religiões, cores, raças e classes sociais, marcadas com diferenças brutais. Os extremismos no Brasil são quase que um dado ‘cultural’ hoje, pois vivemos em um estado de alerta constante e tão recorrente que se tornou uma espécie de hábito ser extremista com as nossas atividades.

Um dos problemas é o estigma que nossa sociedade tem em colocar rótulos antigos e preconceituosos. O problema é de base, da educação e da formação patriarcal machista. Somos e convivemos com diferentes manifestações artísticas, de gênero, políticas ou religiosas.

Percebo, sim, um preconceito velado da burguesia que consome arte e manifestações pessoais como um certo commodity de novidades, mas isso não é o mais alarmante, e sim os assassinatos de membros da comunidade LGBT, que são realmente um dado urgente. Não é possível que assassinos que cometam crimes pelas características pessoais e opções sexuais não sejam presos e condenados. Precisamos de leis severas para isso e, com o tempo, investir na educação de base para que a consciência comece a ser mudada.

Eu nunca senti um preconceito aberto, mas sinto na fala e na postura de algumas pessoas o recalque e o preconceito e, às vezes, mesmo dentro da própria comunidade LGBT”.