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Postado em 08/06/2015 - 9:06
Quadro vivo
Luciana Pareja Norbiato

Em Shirley – Visions of Reality, filme de abertura do File, obras do pintor norte-americano Edward Hopper ganham movimento pela vida de uma atriz de teatro

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Legenda: De cima para baixo, versão do filme e o original da pintura Room in New York (1932)

No dia 16 de junho (terça-feira), quem estiver em SP terá a oportunidade de ver gratuitamente 13 telas do pintor norte-americano Edward Hopper (1882-1967) ganharem vida na grande tela. O filme Shirley – Visions of Reality, do cineasta e videoartista austríaco Gustav Deutsch será exibido na abertura (para convidados, na segunda-feira, 15 de junho) e no primeiro dia da programação do File – Festival Internacional de Linguagem Eletrônica.

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Legenda: A coreógrafa e performer Stephanie Cumming como a protagonista

Se a história às vezes perde um pouco em ritmo cinematográfico, ganha ao articular cronologicamente as 13 obras do pintor americano com a história de Shirley, uma atriz de teatro que, a partir de sua vida pessoal, vê acontecer e comenta fatos marcantes do século 20. 

Cada uma das obras escolhidas – entre elas, Hotel Room (1931), Hotel Lobby (1943), Sunlight on Brownstones (1956) e Intermission (1963) – pontuam blocos temáticos, divididos pela data e pelo local onde se passa a narrativa. Nesse quadro inicial, há uma breve narração radiofônica de algumas das notícias mais importantes da época, como o começo da Segunda Guerra Mundial, a caça aos comunistas nos EUA e o bloqueio econômico a Cuba.

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Legenda: Versão cinematográfica da obra Morning Sun (1952)

Mas o que torna o filme imperdível é a direção de arte primorosa, que consegue não só ser fiel às imagens de Hopper como também encontrar o tom certo para dar-lhes vida, como na tradição do tableau vivant. As cores vibrantes e a luminosidade presentes na obra do pintor concedem ao universo do filme um tom surreal que, antes de causar estranhamento, evidencia o contexto em que os trabalhos foram criados. O diretor Gustav Deutsch declarou à época do lançamento do filme, no começo do ano passado, que “a História é feita de histórias pessoais”.