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Postado em 02/08/2013 - 3:22
Quem tem medo da paranoia?
Paula Alzugaray

Nas bancas, uma radiografia da cultura dos rastreamentos e das clonagens, para viver sem medo da paranoia

Index13

Nesta edição, seLecT faz dois anos e brinda seus leitores com novas seções que reforçam nosso papel de curadoria do panorama artístico e cultural contemporâneo. A seção Selects cresceu e agora abre a edição, encorpando uma seleção imprescindível de exposições, bienais, feiras, links, eventos de design e cultura contemporânea. A última página, que tem o papel de apontar para o futuro, recebe a seção Em Construção, que apresenta, em primeira mão, os bastidores da criação de uma obra de arte ou de um projeto cultural que em breve entrará em cartaz.

seLect 13 aponta para os grandes eventos que marcam os meses de agosto e setembro de 2013, como a Bienal de Arquitetura de São Paulo, a Bienal do Mercosul, a Bienal de Curitiba, a Bienal de Istambul, e feiras como a SP-Arte/Foto e a RioArt. Mas o compromisso de apontar o que é relevante na agenda artística e cultural não nos afasta de nosso projeto central: focar e amplificar as grandes questões e ansiedades do momento. Concebemos esta edição ao longo de junho e julho, quando Edward Snowden, ex-consultor da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos EUA, divulgou documentos ultrassigilosos e preveniu o mundo sobre a amplitude de um sistema global de espionagem digital. Da noite para o dia, a espionagem deixou de ser um capítulo da história, apontado para um alvo conhecido, tornando-se uma ação em rede, que, com a colaboração de empresas de internet e telecomunicações, se volta para um inimigo sem rosto, que pode ser eu ou você.

Na era da espionagem digital, quando qualquer cidadão é suspeito até que se prove o contrário, seLecT direciona seus olhos para a maneira como os artistas processam os mecanismos de informação e monitoramento no século 21 e, fundamentalmente, como lidam com a paranoia contemporânea. A jornalista Marion Strecker, que se integra à redação como editora convidada, em seu artigo inaugural, vai buscar as origens do conceito da paranoia para especular sobre como a extensão dos sistemas digitais que usamos em nosso dia a dia alimentam delírios persecutórios.

As patologias mentais resultantes do estresse pós-traumático em soldados submetidos à guerra ao terror também estão na mira da repórter Luciana Pareja Norbiato, que estreia com uma reportagem sobre uma série de game-instalações do cineasta Harun Farocki. Para anunciar as estéticas paranoicas desta edição, o designer Ricardo van Steen criou uma capa que homenageia duas obras clássicas do gênero: Procuro-me (2000-2003), de Lenora de Barros, e Your Body is Battleground (1989), de Barbara Kruger. Essa última, inspiração para um artigo sobre monitoramento fisiológico, em que a editora-chefe, Giselle Beiguelman, reflete sobre como o nosso corpo, último reduto da soberania individual, já é alvo de disputas biotecnológicas. Com o bom humor e a perspicácia de sempre, a equipe de seLecT lhe dá as boas-vindas à ciberparanoia.