icon-plus
Postado em 30/11/2012 - 7:33
Redefinição racial em curso
Juliana Monachesi

Holland Cotter põe panos quentes à petição online contra o racismo de seu colega de NYT Ken Johnson

Jennifer-packer

Legenda: Joyce, pintura de Jennifer Packer exposta em Fore, no Studio Museum in Harlem (Foto: Divulgação)

Já são 1.290 assinaturas na carta aberta ao New York Times denunciando o tom preconceituoso e o despreparo crítico de Ken Johnson ao resenhar uma exposição sobre artistas negros produzindo em Los Angeles entre 1960 e 1980. No NYT de hoje, nenhuma palavra sobre a fúria geral e irrestrita contra o mais desqualificado crítico de seus respeitáveis quadros, que inclusive parece ter especial desapreço por toda arte de minorias ou de procedência latina ou asiática, porém um review de grande destaque: assinado pelo sempre impecável Holland Cotter. Sobre uma exposição de artistas negros no Studio Museum in Harlem intitulada Fore.

Valendo-se de todo conhecimento de causa e também de toda elegância e respeito de que seu colega Johnson obviamente não dispõe, Cotter faz um retrospecto das mais marcantes exposições no Studio Museum dedicadas à produção de artistas negros, e também revisita a polêmica causada em 2001 pela curadora Thelma Golden quando organizou na mesma instituição a mostra Freestyle, a primeira de uma série que visava apresentar talentos afro-americanos emergentes e cunhou, no ensaio do catálogo, a expressão “post-black art”. 

“Cabeças giraram, e ainda estão girando. Artistas de uma geração mais velha, especialmente aqueles profundamente investidos em questões do orgulho negro ao longo da vida, estavam com raiva. O mercado de arte sedento de novidades ficou desconcertado, sem saber como capitalizar a partir do rótulo. Mesmo alguns jovens artistas a quem este foi aplicado não tinham clareza sobre o que fazer com ele. Da noite para o dia, a dinâmica da arte contemporânea fora alterada”, escreve Cotter sobre o conceito de arte pós-negra. Para a curadora Thelma Golden, o termo abrangia artistas que eram inflexíveis acerca de não se limitarem à categoria de “artista negro”, embora, como ela escreveu, “seu trabalho fosse profundamente interessado na redefinição de noções complexas de negritude. Pós-negro”, continua Cotter, citando a curadora, “era o novo preto”. 

“Mais de uma década depois, ainda é, a julgar pelo quarta e mais recente mostra dedicada a uma nova geração de artistas no museu, esta intitulada Fore”, sintetiza Cotter. Organizada por três jovens curadores da equipe, Lauren Haynes, Naima J. Keith e Thomas J. Lax, a exposição, assim como suas predecessoras, mantém viva porém discreta a política racial, e cobre uma ampla gama de suportes. Depois de destacar os trabalhos de Jennifer Packer, Toyin Odutola, Kenyatta A. C. Hinkle, Kianja Strobert, Sienna Shields, Brenna Youngblood, Harold Mendez, Cullen Washington Jr., Eric Nathaniel Mack, Taisha Paggett, Nicole Miller, Jacolby Satterwhite, Steffani Jemison, Jamal Cyrus, Kevin Beasley e Abigail DeVille, o crítico volta ao balanço geral sobre a questão racial no contexto da arte contemporânea:

Os temas das obras expostas em Fore foram frequentemente abordados pelos artistas afro-americanos no passado, inclusive por alguns dos que fundaram o Studio Museum in Harlem nos anos 1960, recomeça: “E os temas continuam a ser relevantes agora, quando o país está saindo de uma eleição presidencial atravessada pelo racismo, quando cidadãos afro-americanos estão sendo atingidos desproporcionalmente por uma economia brutal, e quando o mundo da arte, apesar do surto multicultural do passado recente, ainda tem espaço insuficiente para os artistas negros, para tudo quanto é negro”. 

“Nestas circunstâncias, pós-negro parece uma proposição duvidosa e pouco realista. No entanto, ela ainda pode funcionar. Sem identificar-se como arte, a instalação da Sra. DeVille traz políticas existenciais duras e pertinentes para o museu. Assim como, de forma menos monumental, fazem outras obras em Fore, simplesmente tendo a evidente e orgulhosa influência de artistas mais velhos, vivos ou não, negros ou não. Romare Bearden e Robert Rauschenberg estão entre eles. Assim como David Hammons e os outros artistas em Now Dig This! Art and Black Los Angeles 1960-1980, em cartaz no MoMA PS1”, afirma, citando – por acaso? – a mostra resenhada por Ken Johnson.  

Confira 40 assinaturas de peso na petição online:

9: Robert Storr on Nov 24, 2012 (crítico de arte e curador)

17: Paul Ramirez Jonas on Nov 25, 2012 (artista)

19: Sam Durant on Nov 25, 2012 (artista)

24: Glenn Ligon on Nov 26, 2012 (artista)

25: Coco Fusco on Nov 26, 2012 (artista)

47: Miwon Kwon on Nov 26, 2012 (crítica de arte e escritora)

48: Janine Antoni on Nov 26, 2012 (artista)

61: Louise Lawler on Nov 26, 2012 (artista)

62: Paul Pfeiffer on Nov 26, 2012 (artista)

115: Robin Treadwell on Nov 27, 2012 (artista)

135: Dana Hoey on Nov 27, 2012 (artista)

145: Edgar Arceneaux on Nov 27, 2012 (artista)

146: Martha Rosler on Nov 27, 2012 (artista)

152: Susan Still Scott on Nov 27, 2012 (artista)

164: Julie Mehretu on Nov 27, 2012 (artista)

172: Julieta Aranda on Nov 27, 2012 (artista e co-diretora do e-flux)

184: Wangechi Mutu on Nov 27, 2012 (artista)

198: Nate Young on Nov 27, 2012 (artista)

230: Julia Halperin on Nov 27, 2012 (editora da revista Art + Auction)

294: Kara Walker on Nov 27, 2012 (artista)

326: Doug Ashford on Nov 27, 2012 (artista)

340: Hettie Jones on Nov 27, 2012 (escritora)

378: Dan Cameron on Nov 27, 2012 (crítico de arte e curador)
Comments: I feel strongly that this is not about ‘punishing’ an individual critic (Ken Johnson) for a poorly researched & sloppy review, but about drawing attention to the fact that the NY Times apparently feels that a certain cavalier attitude is OK in reviewing visual artists of color, while they wouldn’t dream of permitting the same lax standards in their performing arts reviews.

415: Tom Brauer on Nov 27, 2012 (artista)

466: Quinn Latimer on Nov 27, 2012 (crítica de arte e escritora)

470: Barbara Pollack on Nov 27, 2012 (crítica de arte da revista ArtNews)
Comments: And I’d add that the Lin Tianmiao review by Johnson completely goes along with these examples of cultural short-sightedness.

478: Emily Roysdon on Nov 27, 2012 (artista)

515: Lucy Raven on Nov 28, 2012 (artista)

602: Clifford Owens on Nov 28, 2012 (artista)

675: Anuradha Vikram on Nov 28, 2012 (curador)
Comments: I am an online subscriber and an arts professional. Though I learned to love art from NYT Arts & Leisure, I am sorely disappointed.

725: Dani Leventhal on Nov 28, 2012 (artista)

800: Anton Vidokle on Nov 28, 2012 (artista e co-diretor do e-flux)

914: Chon Noriega on Nov 28, 2012 (professor de cinema na Universidade da Califórnia, em Los Angeles)
Comments: This is by no means new. In a review in 2010, Johnson dismissed Phantom Sightings: Art After the Chicano Movement because the concurrent Whitney Biennial — which had no Latino artists — had apparently solved the diversity problem. His presumption was that a “Chicano art” exhibition is by nature about identity, and therefore bad, whereas our show was an attempt to question identity without at the same time giving up an investigation of both difference and inequality. http://www.nytimes.com/2010/04/10/arts/design/10chicano.html

1003: Rita Gonzalez, Associate Curator, Contemporary Art Department, Los Angeles County Museum Of Art on Nov 28, 2012

1109: Tania Bruguera on Nov 29, 2012 (artista)

1134: Luis Camnitzer on Nov 29, 2012 (artista)

1153: Eungie Joo on Nov 29, 2012 (curadora)

1200: Octavio Zaya on Nov 29, 2012 (crítico de arte e curador)
Comments: Would Mr. Johnson accept a judgement on his writing following his own logic? What about something going like this: “Mr. Johnson is so uninformed, and writes so poorly and with that racist and sexist bent that characterizes his so-called criticism because he is a white old fart resentful of those he thinks don’t deserve the attention he should have.” I’m sure you like it A LOT, Mr. Johnson. Don’t you?

1263: Lorna Simpson on Nov 30, 2012 (artista)

1270: Kalup Linzy on Nov 30, 2012 (artista)