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Alex Flemming - Lápides (Foto: Henrique Luz)
Postado em 11/08/2016 - 6:47
Reflexo da vida
Trajetória multifacetada da produção de Alex Flemming é apresentada em retrospectiva no MAC, em São Paulo
Felipe Stoffa

Prestes a completar 40 anos de produção ativa, Alex Flemming recebe mostra retrospectiva que reúne no MAC-USP boa parte de sua obra multifacetada. São 110 trabalhos, especificamente, que vão desde gravuras até suas recentes intervenções em objetos, instalações, pinturas e fotografias. “Transformo objetos da minha vida em arte e fotos, em pinturas. Retorno a temas sobre os quais me dediquei 10 anos atrás e volto ao assunto, porém sob outro ponto de vista. Meu trabalho reflete essa exposição: ele é circular, não linear”, diz o artista.

Alex Flemming - São Jorge (Foto: Cortesia MAC-USP/Divulgação)
Alex Flemming – São Jorge (Foto: Cortesia MAC-USP/Divulgação)

Intitulada RetroPerspectiva, a exposição traz ao público um pouco do universo poético do artista. Nascido em São Paulo, formou-se em cinema na Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), na década de 1970, em meio à asfixia política do país, anos de chumbo da ditadura militar brasileira. Ao longo de sua graduação, frequentou aulas e ateliês com Regina Silveira, Julio Plaza e Romildo Paiva, e encontrou na gravura seu primeiro meio de expressão artística. Presenciou o retorno à pintura na década de 1980 e também se influenciou pela arte conceitual, o que acarretou a todo o processo de seu trabalho a marca da pluralidade, quando sai do campo das artes gráficas e explora a pintura, escultura, a fotografia e a instalação. Além disso, Flemming é um artista que produz a partir da ideia de arte e vida, condição que, para ele, é indissociável. “Ser artista é aceitar o desafio de se expressar diferentemente conforme a vida evolui”, relembra.

A curadoria, assinada por Mayra Laudanna, aponta justamente o caráter biográfico da produção de Flemming. O corpo, um dos temas centrais de sua obra, ora retratado nas fotografias de corpos femininos, ora discutido a partir de objetos pessoais, como cartões de créditos usados, roupas e outros utensílios, aparece em séries como Auto-Retrato em Auschwitz, que consiste em sapatos que Flemming utilizou ao longo de sua vida e os transformou em pinturas dispostas em círculos. A morte, outro assunto de seu interesse, surge na mostra a partir de Lápides, no qual computadores são pintados e dispostos em fileiras similares a que encontramos em cemitérios, simbolizando a morte da tecnologia e, também, de seu usuário.

Alex Flemming – Yemanjá Hipocondríaca (Foto: Henrique Luz/Coleção Museu Afro Brasil)

Serviço
RetroPerspectiva – Alex Flemming
MAC-USP
Avenida Pedro Álvares Cabral, 1301, Ibirapuera, São Paulo
De 13/8 até 11/12
De terça-feira a domingo, das 10h às 18h
Tel.: (11) 2648 0254