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Postado em 27/10/2011 - 8:47
Ressonâncias de Olafur Eliasson
JM

Artista brasileira que estudou com o dinamarquês em Berlim transforma galeria na avenida Rebouças

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São Paulo anda às voltas com o encantamento proporcionado pelas instalações de Olafur Eliasson (que está expondo na Pinacoteca do Estado e em duas unidades do Sesc como parte do festival Videobrasil, projeto antecipado pela seLecT00). O dinamarquês radicado em Berlim costuma deslumbrar com as alterações espaciais que promove na arquitetura de interiores de museus e galerias, em geral pela manipulação da luz ambiente, esculpindo o espaço com efeitos de ótica e iluminação colorida, como fez no Turbine Hall da Tate Modern, em Londres, em 2003. 

O sol artificial do artista teve um impacto culturalmente revelador: as pessoas se deitavam no hall, banhados pela luz dourada, como se estivessem tomando sol em um parque londrino. 

A obra de Fernanda Trevellin exposta pela galeria Central, em mostra individual, é um bom contraponto à visão idealizada de Olafur Eliasson. Intitulada Ressonanz, a instalação transforma o espaço, mas não é nenhuma experiência epifânica descobrir do que ela trata. Em lugar de poesia evanescente, a concretude e viscosidade das coisas menos impolutas da vida urbana.  

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Trevellin foi aluna de Eliasson no Instituto para Experiências com o Espaço, fundado por ele, que faz parte da Universidade de Arte de Berlim. Ao longo de seu projeto de mestrado, em que a brasileira colecionou terra e pedras de diferentes localidades, que aparecem na mostra na Central em caixas de vidro, ela fez uma viagem de pesquisa à Islândia, com um grupo encabeçado por Eliasson. Na obra Ressonanz, a artista faz uso do engenho científico aprendido com o orientador, mas inverte a função dada ao instrumental pelo mestre. Aqui, a ciência faz pulsar um símbolo do que mantém em movimento perpétuo a cidade de São Paulo.

O resultado é um retrato das entranhas da metrópole, o que não fará ninguém se sentir em um idílico parque, mas pode render outros estados meditativos para o paulistano que se dispuser a buscar refúgio da avenida Rebouças na pequena galeria que lhe serve de espelho durante a exposição de Fernanda Trevellin, que vai até 26 de novembro. 

Central Galeria de Arte Contemporânea

Av. Rebouças, 1.545, tel. 0/xx/11/2613-0575