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Postado em 07/03/2013 - 8:34
RIP, Ilo!
Lucas Bambozzi

No Facebook do dia, fazemos uma homenagem póstuma, reproduzindo o post do artista, curador e colaborador da seLecT Lucas Bambozzi, sobre Ilo Codgnoto, um dos pioneiros da cultura digital brasileira, que faleceu recentemente

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Legenda: Catálogo da exposição Arte, Suporte Computador (1995), com Ilo Codgoto, no centro.

Por aqui ou pelas vias de fato, o tempo passa e nossa rede aumenta, vamos somando simpatias por muitos que não encontramos mais — no meu caso cultivo muito mais as simpatias do que as antipatias. Recentemente tive o prazer do reencontro com o Ilo Codgnoto. Antigo companheiro do MIS e de meus tempos na Casa das Rosas quando esta protagonizava atividades muito inovadoras de uso dos meios digitais como prática cultural. Repito aqui foi um dos primeiros espaços a utilizar a Internet como experiência para exposições e projetos artísticos, vendo possibilidades entre espaços físicos e ambientes virtuais.

A turma era muito boa, além do Ilo tinha o Yugo Tanaka, Claudia Vendramini, Jose Roberto Aguilar, Sergio Bicudo Veras, Marcia Regina Figueiredo, Solange Lisboa Lisboa, Lucila Meirelles e outros. Vez por outra nos vemos por aí, com uma cumplicidade certeira dos bons feitos.

http://vimeo.com/56750071

Legenda: Em palestra recente na USP, Bambozzi falou da experiência pioneira da Casa das Rosa

Então, agora o Ilo estava de volta trabalhando na Casa das Rosas. Encontrei-o com boa surpresa. Fui lá conversar com o Frederico Barbosa, traçar um plano de colocar no ar o acervo digital da Casa e lá estava ele, com sua memória precisa, suas opiniões sensatas. Almoçamos juntos e fiquei pensando: está aí uma pessoa leal, confiável, dedicada, comprometida, agradável. Exemplo perfeito de “gente boa”, denominação genérica de qualidades bacanas reunidas.

O Ilo foi-se ontem. Foi trabalhar, passou mal, levaram pro hospital e dali partiu (incrível que o hospital parece ser menos o resgate do que o fim de todos nós).

Ontem, Chaves, Chorão e uma infinidade de outros também se foram. Do Ilo, discreto, quase um anônimo, soube pelas frestas, pelo Saulo e pelo Yugo, mas ainda não entendi muito bem o como e o por que. As perguntas mais metafísicas ficam socando a cabeça, me atordoando. Esperava ainda retomar boas conversas, repensar acertos e falhas, imaginava boas trocas, como se essa vida, cada vez mais curta, de fato continuasse para sempre. Amarga ingenuidade. RIP, Ilo!

(reproduzido da Time Line de Lucas Bambozzi no Facebook)