icon-plus
Postado em 06/12/2012 - 5:21
Se uma feira fosse um panóptico (Art Basel Miami – parte 1)
Paula Alzugaray

A feira Art Basel Miami Beach inaugura com highlights, clássicos, revelações e muita festa, materializada na escultura Güiro, da dupla cubana Los Carpinteros, que funciona como bar open air à beira mar

Capinteros Abre

Legenda: Güiro, obra da dupla Los Carpinteros, comissionada pela Absolut Art Bureau, em Art Basel Miami Beach

A escultura Güiro, da dupla cubana Los Carpinteros, é um oportuno ponto de partida para (se tentar) abranger a vasta totalidade da feira Art Basel Miami Beach, que este ano completa dez anos. Em primeiro lugar, porque “guiro” é a gíria cubana para “festa” e, entre as mais importantes feiras internacionais do mundo, esta é reconhecidamente a mais hypada. Depois, porque, como explica o artista Dagoberto Rodriguez, a escultura teve, entre suas principais inspirações, a forma de um instrument musical pré-colombiano. Este será, afinal um lugar de performances e concertos musicais durante os quatro dias de feira. Finalmente, porque também faz referência direta à arquitetura panóptica das prisões (wikipedia: o panóptico é um centro penitenciário imaginário projetado pelo filósofo Jeremy Bentham, em 1791). “A estrutura da escultura combina dois elementos: a arquitetura panóptica e as bibliotecas”, afirma Rodriguez. “Uma pessoa no centro desse espaço controla tudo o que acontece ao seu redor”. 

Carpinteros Interior

Legenda: Interior da obra-bar Güiro, de Los Carpinteros

Controlar o que acontece em uma feira com trabalhos de mais de 2000 artistas, representados por mais de 260 galerias dos Estados Unidos, América Latina, Europa e Ásia, é um sonho inatingível para qualquer correspondente internacional. Só do Brasil, há 15 galerias participantes. Mesmo que seja um exagero afirmar que Art Basel Miami Beach é comparável a uma prisão, em toda sua sedução e seus apelos, ela pode se tornar uma experiência infindável. 

Se uma feira fosse um panóptico, poderíamos abreviá-la em alguns parágrafos. Mas como ela é muito mais labiríntica do que panoptica, é inútil tentar percorre-la com objetividade. Dessa forma, levaremos alguns dias – e alguns textos, que serão publicados aqui os próximos três dias – para tentar decifrá-la.

O primeiro dia de visita é o momento de deixar que as obras saltem à vista. A feira está repleta, por exemplo, de clássicos “impagáveis” (embora circule por ali muita gente apta a fazê-lo!), como a série Clandestinas, realizadas por Antonio Manuel, nos anos 1970, destaque da galeria Luisa Strina. Entre os novos projetos, a instalação com paraquedas de Héctor Zamorra, realizada para a galeria Luciana Brito, levantou exclamações.
Já de hightlights, a Whitecube, que se apresenta como uma galeria de Londres, Hong Kong e São Paulo (!), deu seu show de costume, apresentando, entre Damien Hirts e Tracey Emins, alguns clássicos dos anos 1990 de Christian Marclay. 

To be continued…

Antonio Manuel

Legenda: Série Clandestinas, de Antonio Manuel, no estande da galeria Luisa Strina

Zamorra

Legenda: OG-107 Scenery (2012), de Hector Zamorra, no estande da galeria Luciana Brito

Hirst_emin

Legenda: Obras de Damien Hirst e de Tracy Emin, no estande da White Cube

Leia também:

A Feira Como Experiência