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Postado em 08/06/2015 - 5:57
Sem ter para onde fugir
Guilherme Kujawski

Exposição de arte sobre a questão dos migrantes africanos é montada em um dos epicentros do problema: na Sicília

Legenda: Trailer de View of Night Soil (2014), de Melanie Bonajo

Uma foto recentemente capturada por um helicóptero da Marinha italiana circulou intensamente pelas redes sociais: migrantes africanos e sírios amontoados como sardinhas em um barco tentando ancorar em algum ponto da Europa. É o retrato mais vivo do colonialismo se voltando contra si mesmo.

Com a organização de Hugo Canoilas, foi aberta no último dia 5 de junho, na Galeria Collicaliggregi, localizada na segunda maior cidade da Sicília, a exposição Dromosphere. O prefixo “dromo” é esclarecedor: em grego, é um elemento de composição de palavras que exprimem a ideia de perambulação, corrida, fuga.

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Legenda: Ihr habt meine Solidaritaet [você tem a minha solidariedade] (2015), de Viola Yesiltaç

O tema é urgente. A mostra reúne o trabalho de cinco artistas que estão se posicionando a respeito do trânsito migratório no Mediterrâneo. Evitando um tom panfletário da chamada arte política, os trabalhos procuram apontar potências sócio-políticas fora da obviedade do tema, tais como a aniquilação do conceito de espaço (Vasco Costa), xamanismo (Melanie Bonajo), tecnologias alquímicas (Filipe Feijão) e corpos fechados (Viola Yesiltaç).