A seLecT 00 foi lançada em junho de 2011, com corações e mentes voltados para a ideia do “fim do virtual”. Naquele primeiro ano da segunda década do século, a editora-chefe Giselle Beiguelman sinalizava, no texto Futuro do Presente, que a cultura digital ocupava todos os espaços do cotidiano e já era um anacronismo pensar na dicotomia real/virtual. “Vivemos mediados por redes sociais, como o Twitter e o Facebook, e a internet é um dos palcos privilegiados da mobilização política”, pontuou.
Quando a seLecT surgiu, com esta edição que funcionou como um baião de ensaio, as mídias tangíveis, as interfaces expandidas, as telas maleáveis, a computação vestível e os deslimites entre as definições de gênero pareciam ficção científica. Para a equipe da revista, então composta pelas mentes inquietas de Angélica de Moraes, Nina Gazire, Juliana Monachesi e Ricardo van Steen, o caminho natural desse raciocínio sobre o fim da virtualidade foi reconceituar o que se entendia por natureza, investigando artistas que trabalham nos limites da representação e da invenção, do natural e do artificial.

Lanscape 1 (2008), de Levi Van Veluw na capa da seLecT 00 (Foto: Ronmandos Gallery / Amsterdã)
Integram a edição os trabalhos de Janaina Tschäpe, Eduardo Kac, Sean Fader, Koert van Mensvoort, Rodrigo Braga, Caio Reisewitz, Regina Parra, Levi van Veluw e Olafur Eliasson. Colaboram, entre outros, Vivian Caccuri, Ronaldo Lemos, Ivana Bentes, Renata Gomes, Gabriel Menotti e João Carrascosa.
Neste primeiro ano da terceira década do século, tempo de identidades e gêneros fluidos, de afrofuturismo, ativismos e de cataclisma ambiental, sanitário e político, revisitemos os conceitos de extranatureza e arte transgênica que orientaram as pesquisas da seLecT 00. Para vestir nossos corpos políticos e informacionais e fazer frente aos desafios que se impõem em 2021.