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Plano geral da mostra 14/15, curadoria do artista Luiz Roque (Foto: Cortesia da Galeria Bolsa de Arte)
Postado em 17/06/2021 - 7:14
#tbt seLecT #22
Em fevereiro de 2015, uma edição dedicada à função do curador de arte levanta mais perguntas do que oferece respostas
Da redação

O curador e suas funções são um dos assuntos mais onipresentes e, ao mesmo tempo, mais misteriosos do mundo das artes. É quase consenso que essa figura é necessária, mas ninguém sabe dizer com precisão por quê. A edição #22 da seLecT elegeu esse tema espinhoso para mergulhar em busca de respostas e esclarecimentos sobre a atuação desse profissional. Em reportagem de 14 páginas, a revista mapeou tipologias de curador, a partir do termo artista-etc cunhado por Ricardo Basbaum para denominar, já no início dos anos 2000, os criadores polivalentes que estendiam o ofício de artista a práticas multidisciplinares e conceituais difíceis de categorizar apenas como artísticas. Tomando a definição que nomes como Tadeu Chiarelli, Aracy Amaral, Luisa Duarte, Lisette Lagnado e Jacopo Crivelli Visconti ofereceram sobre as próprias atuações curatoriais, o leitor descobre que curador é “consequência das atividades de docência e pesquisa”; “uma projeção do entorno primeiro do profissional”; “um pensador do mundo refletido na arte”; “produtor de conhecimento e reflexão sobre a história da cultural”; “apostar em valores ainda não consagrados”; “trazer à tona produções pouco conhecidas”; “conectar sensibilidades e trazer pontos de vista inovadores para questões da vida e do mundo real”.

Pareceu complicado? É porque é mesmo. Basta adiantar que nenhum dos dez entrevistados deu uma resposta parecida à de outro. Dez advogados, dez dentistas ou dez físicos quânticos dificilmente divergiriam tanto sobre a definição de sua profissão. A revista investe, em seguida, em estudos de caso que exemplificam a atuação do curador em suas práticas cotidianas: Jochen Volz é convidado a detalhar o processo de pensar uma Bienal de São Paulo no momento em que começava a trabalhar no projeto da 32ª edição; Agnaldo Farias e Moacir dos Anjos são convocados a refletir sobre a pesquisa recente de um artista que acompanham, o primeiro escrevendo sobre Alice Miceli e, o segundo, sobre Clara Ianni. A repórter Luciana Pareja Norbiato envereda pelas exposições curadas por artistas em sua matéria A Visão do Outro Lado, e Sandra Tucci esmiuça a formação dos futuros curadores em uma análise detida dos cursos de formação específicos na área. Longe de entregar respostas, seLecT multiplica o número de perguntas em torno da figura do curador, evidenciando que o debate, muito profícuo, tem mais é de continuar frutificando. Releia aqui.

Capa da seLecT #22