_{Gambiólogos, cientistas, pesquisadores e outros artistas participam da III Mostra 3M Arte Digital, que inicia hoje no Instituto Tomie Ohtake}

Legenda: No vídeo, o teaser da exposição. Nos destaque da home, a obra CEASA (2012), de Cassio Vasconcelos, e Crystal Ball (2009 – 2012), de Martha Gabriel. (divulgação)

Com o tema Tecnofagias, abre as portas hoje a 3ª edição da Mostra 3M de Arte Digital, no Instituto Tomie Ohtake. Com curadoria de Giselle Beiguelman – midiartista, professora da FAU-USP, e editora da seLecT – a exposição é um retrato da produção brasileira da novas mídias e uma verdadeira ode à tecnoarte, reunindo artistas que se apropriam das tecnologias para criar novas estéticas.

Arthur Omar, Cassio Vasconcellos, Carol Lopes, Fred Paulino, Lucas Mafra, Gilbertto Prado, Lucas Bambozzi: ao todo quinze artistas – e/ou coletivos – todos brasileiros, exibem suas obras e gambiarras tecnológicas, sejam elas low ou high tech. Sob as mais diversas perspectivas, todos eles fazem uma arte que tensiona de alguma maneira as relações entre ciência de ponta e ciência de garagem.

Ao todo são 15 obras – a maioria inédita em São Paulo, ou adaptada especialmente para o evento –, que, ao reunir artistas de diferentes gerações e vários Estados do país, transformam-se em um panorama dos criadores que celebram as possibilidades em aberto do século 21, ou o que chamamos de arte digital hoje.

A primeira exposição do gênero realizada no Instituto Tomie Ohtake se apóia na combinação entre saberes artesanais e de última geração, reunindo artistas que tem uma abordagem crítica e criativa dos meios tecnológicos, problematizando inclusive o consumo da tecnologia.
Boa parte das obras instiga o visitante a usar seu próprio corpo como protagonista da experiência artística, como a instalação mecatrônica inédita de Rafael Marchetti, in_existences-out, 2012 (i), uma espécie de robô interativo que se movimenta conforme a variação ambiental, em relação ao público, ao ar e à temperatura.

Um espelho fixo na parede, trabalho da dupla Rejane Cantoni e Leonardo Crescenti, também reage à presença do espectador através de um dispositivo ótico programado para medir e reagir, a todo o tempo, à distância que o sujeito está dele. O trabalho de Martha Gabriel, a interação é de outra ordem: a partir dos trending topics do Twitter, ela criou a sua Crystal Ball, 2009-12, que traduz os temas mais citados do momento em imagens, via Google Images, que aparecem na bola de cristal.

Além da exibição das obras, em sua maioria interativas, haverá também oficinas gratuitas, abertas ao público geral, e ações especiais. A pesquisadora de cultura digital Ivana Bentes é a convidada especial: ela será a MC da Praia de Paulista, uma intervenção especial dentro da Mostra que acontece em dois sábados, dias 18 de agosto e 1 de setembro. Aproveitando as ondas da fachada do edifício, o público poderá assistir aer remixes de Terra em Transe e outros filmes de Glauber Rocha, e feito pela Cia de Foto, em cadeiras de praia, com direito a pipoca e cervejinha no final.

A escolha de Glauber Rocha não é casual: a curadora faz questão de deixar claro o pioneirismo do cinenasta na forma singular de pensar as possibilidades estéticas a partir dos embates entre a tecnologia e os contextos precários. Além do remix na Praia de Paulista, o mestre do Cinema Novo é reverenciado também em um ensaio fotográfico e textual inédito País Interior, 2012, obra da Cia de Foto, um ensaio multimídia que reúne imagens feitas a partir dos próprios fotogramas da película, entremeados por textos que cruzam extratos do roteiro a ensaios sobre fotografia e estética, além de áudios distorcidos e retrabalhados do filme. Como a exposição em si, é uma nova obra que, ao reorganizar o conjunto, revela novas histórias.

Serviço:

3ª Mostra 3M de Arte Digital

Abertura: 14 de agosto, às 20h
Visitação: 15 de agosto a 16 de setembro de 2012, de terça a domingo, das 11h às 20h
Instituto Tomie Ohtake
Av. Faria Lima, 201 (Entrada pela Rua Coropés) – Pinheiros SP