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Postado em 21/11/2014 - 2:16
União e separação
Guilherme Kujawski

Lenora de Barros lança livro de artista e realiza palestra na Galeria Millan

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Legenda: Capa de O que une – separa, livro de artista de Lenora de Barros (foto: Cortesia Editora Ikrek)

Embora não seja evidente, o livro de artista é uma das expressões protagonistas no palco da arte contemporânea, sendo situado na junção entre o livro como forma de arte, arte-veículo, arte-conceito e arte-processo. Alguns hão de lembrar da Printed Matter, Inc., fundadada em 1976 por Sol Lewitt e Lucy Lippard, uma organização sem fins lucrativos dedicada à difusão, compreensão e apreciação de livros de artista e publicações relacionadas.

Mas o que é exatamente um livro de artista? Vale citar literalmente uma definição elaborada por Annateresa Fabris e Cacilda Teixeira da Costa no texto curatorial de Tendências do Livro de Artista no Brasil, exposição realizada em 1985 no Centro Cultural São Paulo: o livro de artista pode ser conceituado a partir de duas vertentes: uma, mais abarcadora, baseada, num primeiro momento, na interação entre arte e literatura e que termina por abranger livros ilustrados, livros-objetos, livros únicos, encadernações artísticas, sem por isso deixar de levar em consideração aquela tendência que começa a delinear-se nos anos 60 e acaba por modificar radicalmente a prática e o significado do termo; outra, mais restritiva, que só considera livro de artista aquelas produções de baixo custo, formato simples, típicas da geração minimalista-conceitual, a qual, freqüentemente, tem no livro o único veiculo de registro e divulgação de suas obras.

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Legenda: Parte interna de O que une – separa, livro de artista de Lenora de Barros (foto: Cortesia Editora Ikrek)

A constelação de significados sobre os livros de artista adquire um brilho especial com o lançamento na Galeria Millan de O que une – separa, livro de Lenora de Barros editado e publicado pela Editora Ikrek para a série Ponto e Vírgula. Impresso com técnica serigráfica, o livro é o resultado de uma investigação poética acerca do hífen, sinal diacrítico multifuncional que, dependendo do caso, é usado para unir ou separar palavras e/ou expressões. Em termos conceituais, a autonomia bibliográfica usual é ultrapassada, sendo o objeto transformado em um ato performático, um ato que envolve o léxico propriamente dito e a memória da artista, especificamente a que remete aos painéis da série Procuro-me que, depois de instalados na fachada do Centro Universitário Maria Antônia em 2002, foram mutilados.

Serviço:

Quando: 26 de novembro, 19h

Onde: Rua Fradique Coutinho, 1360, São Paulo, SP