icon-plus
Postado em 18/10/2011 - 7:13
Vitalidade do desenho contemporâneo
Angélica de Moraes

O recifense Kilian Glasner abre primeira individual em São Paulo com conjunto vigoroso de trabalhos

Kilian-glasner03

Detalhe do desenho Branco Celeste, de Kilian Glasner (foto Divulgação)

Há certos tabus que demoram a ser derrubados. Um deles, remanescente da hegemonia da arte conceitual, era que saber desenhar não estava com nada. O negócio era pensar. Daí que passamos por enorme safra de maus desenhistas intencionais e, até, por desenhos de nível subescolar com pretensão (aceita!) de conceituais.

O conjunto de obras que o artista recifense Kilian Glasner, 33 anos, inaugura na sua primeira individual em São Paulo é ótima demonstração de que o circuito superou o tabu antidesenho que assolou a contemporaneidade. Há vida inteligente no desenho. Sempre houve, aliás.

Desde sua instalação Rua do Futuro (Rumos Visuais Itaú Cultural, 2009) Glasner afirmava, com carvão sobre muros de alvenaria, estar absolutamente seguro dos recursos do traço e saber propor uma poética visual eficiente, descolada da mera representação. Essa característica se acentuou agora. Os desenhos com pastel seco sobre papel trazem esmagadoras perspectivas, que remetem à impermanência dos caminhos humanos, às escolhas e desvios da estrada, ao futuro nebuloso e à luta de autossuperação.

Deserto e Chuva tem estrada feita de raias de piscina sobre mar que se abre como se tocado pelo cajado de Moisés. Boas ressonâncias de Anselm Kiefer.

Natureza Impermanente

Kilian Glasner
, de 8 de outubro a 8 de novembro,

Galeria Moura Marsiaj, Rua Mateus Grou, 618 São Paulo