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Jardim de Inverno de João Modé (Fotos: Laysa Elias)
Postado em 07/10/2017 - 2:41
Vozes do Brasil
Trabalhos colaborativos do 35º Panorama da Arte Brasileira no MAM SP reiteram necessidade de conviver com a diferença
Paula Alzugaray

A tomada de posição política, ética e social é a mais importante das diretrizes assumidas pela curadoria do 35º Panorama da Arte Brasileira – Brasil por Multiplicação, no MAM-SP. Entre os trabalhos mais fortes da exposição estão precisamente aqueles que afirmam novos posicionamentos a partir de processos de criação e elaboração coletiva. Como “Macunaima Colorau”, de Lourival Cuquinha e Clarisse Hoffmann, uma audio-instalação realizada a partir de enquete nas ruas de cidades pernambucanas com as perguntas “Você é índio?”, “Você é branco?”, “Você é negro”?. O trabalho tece uma autodeclaração da identidade étnica e racial do povo brasileiro.

Outro tecido social elaborado na mostra é “Soy Mandala”, de Cadu, escultura em crochê realizada com a participação de cegos e mulheres de terceira idade, durante residência do artista no México. O projeto educativo colaborativo “Através”, do Coletivo Mão na Lata, apresenta fotografias feitas em oficinas de câmeras artesanais por jovens moradores do complexo da Maré, no Rio; e o jardim criado por João Modé dentro da sala envidraçada do museu também exalta a necessidade que temos, mais que nunca, de espaços de trocas.

Ao se basear em cinco princípios do texto Esquema Geral da Nova Objetividade (1967), de Hélio Oiticica, a curadoria de Luiz Camillo Osório reafirma a atualidade do artista e a influência que o neoconcretismo continua exercendo em parte da produção contemporânea brasileira. Mas o melhor deste Panorama são mesmo os trabalhos colaborativos, que apontam para onde a arte, a os artistas e a sociedade tem de ir: a convivência com a diferença.

Serviço
35º Panorama da Arte Brasileira – Brasil por Multiplicação
Museu de Arte Moderna, SP
Av. Pedro Álvares Cabral, s/n°
até 17/12
mam.org.br